Você já parou para pensar em quantos acontecimentos históricos se passaram em Ouro Preto? Capital de Minas Gerais por mais de 170 anos, a antiga Vila Rica foi palco da Corrida do Ouro e da escravidão, berço da Inconfidência Mineira e testemunha da genialidade de Aleijadinho. As igrejas e os casarões que avistamos hoje, construídas ao longo dos séculos 18 e 19, funcionam como prova viva desse passado.
Ouro Preto, a apenas 100 Km de Belo Horizonte, viu seu apelo turístico aumentar consideravelmente desde que foi tombada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco, em 1980. E merecidamente! Os morros que a circundam, somado ao conjunto arquitetônico, formam um magnífico cenário. Combinado com o astral próprio de uma cidade universitária, se torna ainda mais especial.
Muita gente a visita como parte de um roteiro pelas cidades históricas de Minas Gerais, mas nesse post você vai descobrir que Ouro Preto pode funcionar como um excelente destino ao longo de um final de semana estendido.
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Praça Tiradentes e arredores
Não há dúvidas de que seu passeio por Ouro Preto começará pela Praça Tiradentes, o coração do centro histórico. No centenário da morte do mártir da Inconfidência Mineira um monumento foi erguido em sua homenagem. E os dizeres ali gravados não deixam dúvidas sobre o triste fim de Tiradentes: “Aqui em poste de ignomínia esteve exposta sua cabeça”.
Ao redor da praça estão alguns dos marcos mais importantes de Ouro Preto, como o Museu da Inconfidência. No passado, o imponente prédio ocupava as funções de Casa de Câmara e Cadeia, e, hoje, reúne o acervo sobre o movimento separatista mineiro, o mausoléu dos inconfidentes e milhares de peças que remontam aos aspectos socioculturais da época.
De costas para o museu, no lado direito, está a Igreja Nossa Senhora do Carmo, projetada pelo pai de Aleijadinho e posteriormente modificada pelo renomado artista. O templo se destaca por contar com azulejos portugueses adornando seu interior. Junto à igreja está o Museu do Oratório, cujo acervo contém mais de 160 oratórios originais feitos entre os séculos 18 e 20.
Descendo a escadaria da igreja chega-se ao Teatro Municipal Casa da Ópera. Inaugurado em 1770, é o mais antigo teatro das Américas a estar em funcionamento. Falando em recordes: você sabia que a Escola de Farmácia de Ouro Preto é a mais velha da América Latina? Foi fundada em 1839! No prédio onde antigamente eram ministradas as aulas hoje funciona o Museu da Farmácia.
Quando bater a fome, será a hora de deliciar-se com o melhor da comida mineira. Nas imediações da praça fica o Restaurante Conto de Réis, que, ao meio-dia, funciona como buffet livre. Prove (e repita!) iguarias como feijão tropeiro, torresmo, angu, frango com quiabo e tutu. Guarde espaço para os doces – goiabada com queijo e doce de leite.
Descendo a rua à esquerda do Museu da Inconfidência você vai avistar a Igreja de São Francisco de Assis. Essa igreja é uma das mais impressionantes construções de Ouro Preto, graças ao brilhante trabalho de dois artistas locais, Aleijadinho, responsável pela talha e pelas esculturas, e Mestre Ataíde, responsável pelas pinturas.
Em frente à igreja está a Feirinha de Pedra Sabão, espaço ocupado por dezenas de artesãos que esculpem maravilhas nessa rocha tão facilmente encontrada em Minas Gerais. A melhor vista desse cenário (igreja e feirinha) é da Casa de Tomás Antônio Gonzaga, onde o poeta e inconfidente morou, e que, atualmente, abriga algumas secretarias municipais.
Hora de conhecer a outra imponente construção da Praça Tiradentes, o Museu de Ciência e Técnica da Escola de Minas. O prédio, hoje vinculado à Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), já serviu como Palácio dos Governadores e sede principal dos cursos de Engenharia. Talvez a melhor parte do museu seja a esplêndida vista que se tem do alto de sua entrada – ainda mais bonita durante o pôr do sol.
Se à noite a busca for por um ambiente mais descolado, o Tenente Pimenta Rock Bar, próximo à Feirinha de Pedra Sabão, pode cumprir bem o papel. Decoração impecável, cardápio variado e boa música fazem dessa uma excelente opção. A combinação infalível? Hambúrguer e cerveja artesanal. Bom apetite!
Centro Histórico de Ouro Preto e Mariana
Comece o dia explorando as charmosas ruas do Antônio Dias, bairro à esquerda da Praça Tiradentes. Por aqui, o destaque é a Igreja Nossa Senhora da Conceição, uma das duas matrizes de Ouro Preto (sim, são duas!), local de sepultamento de Aleijadinho. Fechada para restauração há alguns anos, a igreja só pode ser admirada pelo lado de fora.
Você nem imagina o que pode encontrar ali perto: duas antigas minas de ouro abertas à visitação. A mais famosa delas é a Mina do Chico Rei, que pertenceu ao lendário escravo alforriado, a outra é a Minas do Palácio Velho, consideravelmente maior. Conhecê-las é a melhor maneira de sentir na pele como era o hostil ambiente de trabalho dos escravos durante o período de extração do ouro.
Hora de subir e descer ladeira até a Rua Direita, onde estão muitas lojinhas de artesanato e diversos restaurantes. Siga caminhando em direção à Rua São José, principal via comercial do centro histórico. Aqui está a Casa dos Contos, casarão que já teve diversas finalidades e, hoje, serve como local de preservação do Ciclo do Ouro. Não deixe de visitar o mirante, no terceiro andar, e a senzala, no porão.
Pausa para o almoço! Praticamente ao lado do casarão está O Passo, um dos restaurantes mais concorridos e renomados de Ouro Preto. O carro-chefe aqui é a pizza, fininha e crocante, mas o cardápio envolve muitos outros pratos, incluindo massas, risotos, carnes e peixes. Vá cedo para evitar as recorrentes filas de espera.
Seguindo caminho, você chega outras duas belas igrejas. A primeira delas é a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, construída pela irmandade dos escravos, e que se destaca em função de sua estrutura arquitetônica arredondada. Perto dali está a Basílica de Nossa Senhora do Pilar, a outra igreja matriz de Ouro Preto, cujo interior é todo folheado em ouro; no subsolo funciona o Museu de Arte Sacra.
Fique de olho no relógio nessas atividades anteriores, já que o Trem da Vale para Mariana parte às 14h30. Ao longo da viagem de 1h de duração até a cidade vizinha são dadas explicações sobre o funcionamento da via férrea e sobre os pontos de interesse que avistamos pela janela. Dica preciosa: prefira os assentos do lado direito do trem.
O centro histórico de Mariana, primeira capital de Minas Gerais, é muito menor. A Catedral da Sé é a primeira igreja que você vai avistar. E abriga um valioso órgão dado de presente pelo rei D. José I. Ali próximo está a Praça Gomes Freire, típica praça de cidade pequena (com direito a coreto e a chafariz), cercada por um pequeno e charmoso comércio de restaurantes e cafés.
Logo você chega à Praça Minas Gerais, onde está situada a antiga Casa de Câmara e Cadeia e atual Câmara de Vereadores de Mariana, e duas igrejas de irmandades rivais: Igreja de São Francisco de Assis e Igreja de Nossa Senhora do Carmo. No alto de um morro outra construção imponente pode ser conhecida: a Basílica de São Pedro dos Clérigos.
Para voltar para Ouro Preto, basta tomar um ônibus no centro de Mariana. Se tiver interesse (e tempo disponível), salte na metade do caminho para conhecer a Mina da Passagem. Como essa mina foi explorada posteriormente, utilizando maquinário, a visita é bastante diferente das minas de Ouro Preto – aqui você desce de carrinho até a antiga área de escavação. Experiência única!
De volta a Ouro Preto, quando estiver em busca de um lugar bacana para jantar, vá ao Café Geraes / Escadabaixo, dois restaurantes que funcionam no mesmo prédio, um em cada andar. Enquanto a proposta do primeiro é mais tradicional e até com piano, a do segundo é consideravelmente mais descontraída. O cardápio é o mesmo e inclui boa variedade de carnes, massas e risotos; destaque para a carta de vinhos e de cervejas.
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Parque das Andorinhas, Parque do Itacolomi, Lavras Novas
Após conhecer as principais atrações históricas, você pode se perguntar: o que fazer no terceiro dia em Ouro Preto? Voltar-se para as atividades ligadas à natureza! Escolher dentre as possibilidades que a cidade oferece vai depender do seu meio de locomoção, da previsão do tempo e, claro, do seu perfil de viajante.
Parque das Andorinhas
O Parque Municipal da Cachoeira das Andorinhas abriga várias cachoeiras e piscinas naturais na nascente do Rio das Velhas. A Cachoeira das Andorinhas, a mais conhecida delas e que dá nome ao parque, é única. Fica escondida dentro de um cânion! Praticamente em frente ao acesso da cachoeira está o Mirante da Pedra do Jacaré, uma curiosa formação rochosa de onde se tem uma bonita vista da paisagem da região.
O percurso de pouco mais de 5 Km do centro de Ouro Preto até a entrada do Parque pode ser feito tanto de carro quanto de ônibus, já que há placas sinalizando o caminho. O lugar não está tão bem cuidado como deveria, mas oferece a infraestrutura básica para a sua visita – portaria com funcionários, banheiros na entrada principal e placas indicando a direção das atrações.
Parque do Itacolomi
Ao longo dos seus dias em Ouro Preto, uma formação rochosa bastante peculiar na linha do horizonte deve ter chamado sua atenção. É o Pico do Itacolomi, principal atração do Parque Estadual do Itacolomi. A reserva natural está localizada na BR-356, num trecho que liga Ouro Preto e Mariana. Ônibus locais deixam na entrada do parque, porém, como os locais de interesse estão bons quilômetros adentro, é mais indicado estar motorizado.
A trilha que dá acesso até o alto do pico tem 7 Km de extensão (somente ida), e apresenta alguns trechos bastante íngremes. Assim, convém estar com o preparo físico em dia para encarar a subida. A vista recompensa o esforço! Depois de pouco mais de 2h de caminhada se tem uma vista 360º da região, contemplando Ouro Preto, Mariana e até Belo Horizonte.
Mesmo quem não for lá muito adepto de trilhas pode considerar a possibilidade de visitar o Parque do Itacolomi. Existem outras atrações que exigem caminhadas mais curtas para serem alcançadas, caso da Casa Bandeirista e do Museu do Chá. A Trilha da Lagoa, que leva até a Lagoa da Capela, é especialmente indicada para os dias de sol.
Lavras Novas
Dentre os treze distritos que fazem parte de Ouro Preto, Lavras Novas é o que mais chama atenção dos turistas. Somente 1.500 pessoas moram nesse vilarejo a 20 Km do município sede. No entanto, aos finais de semana, suas pequenas pousadas e seus deliciosos restaurantes estão constantemente cheios. Tudo isso graças à natureza do seu entorno, formada por várias serras e por um conjunto de belas cachoeiras.
Você pode escolher uma ou mais cachoeiras para visitar num dia. A de mais fácil acesso é a Cachoeira do Pocinho, mas sem muita dificuldade chega-se também à Cachoeira 3 Pingos e à Represa do Custódio. Seguindo na direção da Chapada, um vilarejo de Lavras Novas (sim, vilarejo do vilarejo!) está a bela Cachoeira do Castelinho. A vista e as belas fotos da região estão garantidas no Mirante da Pedra.
Num lugar como Lavras Novas, comer bem faz parte – e aquela combinação entre ambiente simples e mesa farta você encontra no Restaurante Bem Te Vi. Aqui se pode repetir os acompanhamentos quantas vezes quiser, embora o difícil seja dar conta de tanta comida. Depois da refeição, aproveite para caminhar pelo pequeno centro de Lavras Novas e para conhecer a pequena Capela de Nossa Senhora dos Prazeres.
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Fonte: Skyscanner