A história de Sabará tem suas raízes nos primórdios da colonização do Brasil e está intimamente relacionada à lenda do sabarabuçu, região de limites. O sabarabuçu fervilhou na imaginação dos colonizadores, que buscavam no sertão “uma serra feita de prata e pedras preciosas”.
“Sabará” é a forma abreviada do termo tupi tesáberabusu, que significa “grandes olhos brilhantes” (tesá, olho + berab, brilhante + usu, grande), numa referência às pepitas de ouro que foram encontradas na região.
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História de Sabará
O princípio da história de Sabará está ligado à descoberta de ouro na região, então conhecida como Sabarabuçu.
O sertanista paulista capitão Matias Cardoso de Labuquerque foi eleito, por Fernão Dias Paes, o líder da equipe de vanguarda da Bandeira das Esmeraldas. Seu objetivo era preparar o caminho, abrir picadas, implantar roças e pouso.
Depois de muito viajar, Matias de Albuquerque encontrou um local favorável para a implantação de roças, com fonte de água, livre de perigo das enchentes e um ponto de travessia do rio a pé. Assim, Sabará passou a ser local de pousada para a travessia do sertão.
Em 1674, chegou à região a bandeira de Fernão Dias Paes, dando início ao que tornar-se-ia o mais importante arraial fundado pelo bandeirante paulista.
Entretanto, a publicação do historiador professor Zoroastro Viana Passos cita que os baianos chegaram aos sertões de Sabará, em 1555, muito antes dos bandeirantes paulistas.
Existem algumas citações de que Borba Gato, quando aqui chegou, assistiu missa em uma pequena capela já existente
O Arraial da Barra do Sabará, foi o centro comercial estratégico diretamente ligado à Estrada Real, já por volta de 1700, possuía intensa movimentação, sendo um dos mais populosos das Minas.
Em 1711, foi elevado à condição de Vila Real de Nossa Senhora da Conceição do Sabará, também conhecida como Vila do Sabará.
Três anos depois, tornou-se sede da extensa Comarca do Rio das Velhas, cuja jurisdição alcançava os limites de Goiás, Pernambuco e Bahia.
O fastio de ouro fez a Coroa Portuguesa instalar as casas de Fundição, a fim de serem cobrados os impostos sobre a produção aurífera.
Contudo, terminado o Ciclo do Ouro, Sabará manteve uma relativa atividade comercial até boa parte do século XIX.
Em 1822, Sabará contribui com uma significativa importância em dinheiro e com voluntários para a luta pela Independência. Em 1838 se tornou cidade.
A chegada da Ferrovia Central do Brasil à Sabará inaugurou o Ciclo do Ferro, que persiste até os dias atuais.
Muitos resquícios do período colonial esperam para serem descobertos, por exemplo, algumas edificações como o Calçamento e o Forno de Cal, encontrados no Conjunto Paisagístico do Morro São Francisco.
As ruínas do Arraial Velho e do dito Cemitério dos Ingleses, na mata da Serra da Piedade, próximo ao Arraial de Pompéu.
No Centro Histórico está localizada a maioria dos atrativos históricos e arquitetônicos: igrejas do século XVIII, o Teatro Municipal, Museu do Ouro, chafarizes e o casario de arquitetura colonial. Há igrejas em Sabará que mesclam características artísticas de diferentes fases do barroco mineiro.
A Matriz de Nossa Senhora da Conceição apresenta características de três períodos da Arte Barroca, fato raro nas cidades históricas de Minas Gerais.
O nome Sabará tem várias interpretações. Uma das mais prováveis é a corruptela do tupi-guaraní saabá (enseada, curva do rio) e buçu (grande), designando o encontro do rio Sabará com o rio das Velhas.
Outra interpretação é que o nome Sabarabuçu é uma derivação de Itaberabuçu, isto é, montanha grande que resplandece, numa alusão à atual Serra da Piedade.
Você sabia, mas Sabará:
- Foi a maior comarca do Brasil colonial
- Mãe da Capital do Estado
- Terra da Jabuticaba e do Ora-Pro-Nobis
- Cidade referência da Cozinha Mineira (Abrasel)
- Possui o 2º teatro mais antigo Brasil
- Terra da Palma Barroca e da Renda Turca de Bicos
- Possui a única casa de Intendência e Fundição ainda de pé no país
- Uma das poucas cidades mineiras que possui as três fases do Barroco
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Pontos Turísticos de Sabará
Capela de Nossa Senhora do Ó
Datada de 1717, é considerada uma das mais ricas representações do barroco em Minas.
De fachada singela, seu interior chama a atenção pela riqueza da talha, da primeira fase do barroco, estilo Nacional Português.
Apresenta influência chinesa na arquitetura e na decoração interna. O culto celebrado ao som das antífonas precedidas da expressão “’Ó…”, originou a devoção a Nossa Senhora do Ó.
Capela de Santo Antônio do Pompéu
Foi erguida no antigo arraial, fundado por Antônio do Pompéu, antes de 1731.
Possui altar-mor da primeira fase do Barroco Mineiro, semelhante ao da Capela do Ó e a alguns dos altares laterais da igreja da Matriz, residindo aí o grande contraste com a simplicidade.
O adro é cercado por um muro baixo de pedra e contém em sua parte externa, o cemitério e sineira com suporte de madeira. A capela-mor tem o forro em painéis, com pinturas relativas aos milagres de Santo Antônio, nos anos de 1227. A visitação deve ser agendada.
Capela de Sant’Ana
Situada no Arraial Velho, de 1747. Possui altar-mor no estilo da segunda fase do Barroco em Minas.
No adro, o sino traz a inscrição 1759. Na parte interna o retábulo tem talha no estilo D.João V. Predominam os tons claros.
O coroamento do retábulo é em dossel, com figuras de anjos, distinguindo-se interessante configuração da Santíssima Trindade (figuras do Pai, do Filho e a do Espírito Santo), sem haver contato entre as três figuras. Possui revestimento interno em pedra de canga à vista.
Manuel de Borba Gato foi o primeiro a encontrar ouro nas margens do rio das Velhas e manteve, por muitos anos, lavra no Arraial Velho de Sant’Ana.
Casa da Ópera – Teatro Municipal
É o segundo teatro mais antigo em funcionamento do Brasil.
Suas linhas arquitetônicas são influência dos teatros ingleses do reinado de Elizabeth I, por isso é conhecido também como Teatro Elizabetano.
E também influência italiana, com disposição dos camarotes em três galerias, além de possuir excelente acústica.
O primeiro prédio foi construído antes de 1771 e funcionou até por volta de 1783.
A segunda Casa da Ópera foi inaugurada em 2 de junho de 1819, durante as festividades do nascimento da “Princesa da Beira”, Dona Maria da Glória, de Portugal.
Nele, atuaram as grandes companhias artísticas da época.
O local já recebeu as visitas dos imperadores Dom Pedro I (1831) e Dom Pedro II (1881).
Casa de Câmara e Cadeia
O segundo prédio da antiga Câmara e Cadeia, que funcionou de 1892 a 1924.
A primeira casa foi demolida no final do século XIX e o prédio atual mantém as características arquitetônicas básicas.
O amplo salão na parte superior da edificação abriga o acervo da Biblioteca Pública Municipal.
Chafariz do Kaquende
De uma nascente do Morro de São Francisco vem a água límpida que abastece o mais famoso chafariz de Sabará, que desde 1757 abastece a cidade.
Seus construtores foram João Duarte e José de Souza. A fachada com vestígios das armas portuguesas, arrancadas do monumento por ocasião da independência.
Não se sabe ao certo a origem da palavra Kaquende, se seria portuguesa, africana ou indígena.
Em língua tupi-guarani significaria “água cristalina que dali brota” e em língua africana, “jovem forte e valoroso”.
A tradição conta que aquele que bebe de sua água sempre volta a Sabará.
Conjunto Arquitetônico da Rua Dom Pedro II
A antiga Rua Direita, mais importante da Vila do Sabará, possui um conjunto arquitetônico tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).
Destacam-se entre as edificações o Solar do Padre Correia, a Casa Azul, o Sobrado de Dona Sofia e a Casa da Ópera (Teatro Municipal).
Igreja de São Francisco
Templo de 1781, pertencente à Arquiconfraria do Cordão de São Francisco dos Homens Pardos.
Erguida em louvor à padroeira dos franciscanos, Nossa Senhora Rainha dos Anjos, cuja imagem se encontra no altar-mor.
Antes de sua construção existia no local uma “tosca” capelinha em madeira dedicada à Nossa Senhora Rainha dos Anjos, da qual São Francisco era devoto.
Sua construção feita em alvenaria de pedra tem em seu interior o piso e o teto forrados de tábuas, com a pintura de Nossa Senhora com os anjos e os quatro evangelistas, além de peças imaginárias como o Senhor Morto, São Francisco de Assis, a Senhora Rainha dos Anjos, além dos Santos de Roca na sacristia.
Única na cidade com sala-consistório, sacristia na parte posterior, tribuna na capela-mór e púlpitos no arco-cruzeiro, além da maior altura interna na nave.
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição
Inaugurada em 1710, possui uma das mais exuberantes talhas da arte barroca mineira, sendo considerada uma das mais ricas matrizes do século XVIII.
A igreja apresenta três naves, o que a diferencia das demais matrizes mineiras. Possui ainda os altares laterais, púlpitos de fina elaboração, pinturas de qualidade e influência oriental.
A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição de Sabará é uma das mais antigas igrejas do estado de Minas Gerais, rivalizando em antiguidade com a matriz de Raposos e a Sé de Mariana.
Está situada na parte baixa da cidade, ou seja, na autêntica parte velha.
É popularmente chamada de igreja nova ou grande, tradição que vem desde a época da sua construção em substituição a capela primitiva existente no mesmo local.
Sua construção está ligada ao esforço do padre José de Queirós Coimbra que foi seu vigário por mais de meio século.
Igreja de Nossa Senhora do Carmo
Construída em 1763, administrada pela Ordem Terceira do Carmo (Ordem dos Homens Brancos), a igreja é um dos palcos mais espetaculares da arte e da genialidade de vários artistas, como: Antônio Francisco Lisboa, o Mestre Aleijadinho, Francisco Vieira Servas, Joaquim Gonçalves da Rocha e Thiago Moreira.
Templo característico da terceira fase do barroco mineiro e do estilo Rococó, tombada pelo IPHAN em 1938.
Igreja de Nossa Senhora do Rosário
Os escravos decidiram construir sua própria igreja, mas a decadência das minas de ouro não permitiu que fosse concluída.
A obra iniciada em 1768, foi abandonada com a abolição da escravatura, em 1888.
Sua arquitetura apresenta detalhes das três etapas distintas de sua construção, um importante testemunho dos métodos construtivos da época.
Possui, em uma das sacristias, o Museu de Arte Sacra com peças dos séculos XVII e XVIII.
A muralha externa protege uma antiga capela de taipa, de 1713.
Museu do Ouro
O prédio do museu é um autêntico exemplar da arquitetura colonial brasileira do século XVIII.
Foi a Antiga Casa de Intendência e Fundição (única construção com estas características ainda de pé no Brasil), tendo funcionado durante algum tempo como colégio.
Possui exposição permanente de peças do mobiliário e arte sacra no pavimento superior.
Chegou a servir de residência para o Intendente. O Intendente era um funcionário a serviço do rei, com a função de combater o contrabando e recolher os pesados impostos.
O térreo é calçado com pedras redondas e guarda peças relacionadas à extração, processo de fundição, cunhagem e controle do ouro.
Todo o processo desenvolvido na Casa de Fundição dá a dimensão do que foi o Ciclo do Ouro em Minas.
Para seguir as rígidas normas sobre o ouro, o metal precioso só podia ser comercializado em barras, selado com o símbolo real na Casa de Fundição, que aproveitava para recolher os impostos.
Transformado em museu, atualmente é administrado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e possui arquivo histórico instalado no sobrado denominado Casa Borba Gato.
Solar do Padre Correia
Construção datada de 1773, do rico e influente Padre José Correia da Silva. Possui sala-capela interna com talha da terceira fase do barroco mineiros, escadaria trabalhada em jacarandá, painéis decorativos nos salões do piso inferior e pátio interno em estilo de fazenda. Atualmente funciona como as instalações da Prefeitura Municipal de Sabará.
Distrito de Ravena
Arraial da Lapa ou Arraial de Nossa Senhora da Lapa, assim era conhecido o povoado.
Não existe documentação precisa acerca das origens, mas em 1738, já possuía Companhia de Ordenança (guarda oficial da vila), nomeada pela Câmara de Sabará.
Foi elevado à paróquia em 1855, com o título de Nossa Senhora da Assunção. Em 1943, teve seu nome alterado para Ravena, em homenagem ao Frei Luiz de Ravena.
O Arraial de Ravena possui um artesanato feito da palha da bananeira também é uma tradição no vilarejo.
Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção
A capela não tem registros históricos sobre sua construção. Existe o registro de um batismo realizado em 1727.
Foi elevada em 1855 à condição de Matriz, sob a invocação de Nossa Senhora da Lapa, passando a ser chamada de Igreja Matriz de Nossa Senhora da Assunção.
A matriz de Ravena passou por várias modificações até chegar à configuração atual. A decoração interna apresenta algumas preciosidades.
Capela de Nossa Senhora do Rosário
A fachada desta capela, com uma torre central, lembra muito a igreja de N.Sra. do Ó.
Não existem documentos que comprovem a data de sua construção. Supõe que tenha ocorrido após 1839.
A capela apresenta características do Rococó.
A tradição oral de Ravena diz que a capela substituiu uma antiga, dedicada a São Francisco. Se a lenda urbana for real, é possível que a data de sua construção seja estimada no ano de 1813.
Na fachada da capela, seja alusiva à primitiva construção.
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Fonte: Viajando com Toledo